Qual o segredo da gratuidade do spotify?

Muito antes da internet e até da televisão, o lazer era proveniente de apenas um aparelho: o rádio. Só que, após tantas inovações, o ato de ouvir música também se transformou. Surgiram diversas plataformas de streaming, ou seja, com conteúdo disponibilizado online e podendo ser acessado em qualquer lugar e em diversas plataformas, sendo o mais conhecido deles o Spotify.

A plataforma possui milhões de músicas, segundo o site oficial, que podem ser ouvidas de forma gratuita ou para usuários premium, que pagam uma mensalidade. Os usuários pagantes tem algumas regalias, como a ferramenta de escolher qual música tocar (o modo gratuito toca apenas no aleatório) e ouvir sem a interrupção de propagandas. Mas, se dizem que “não existe almoço grátis”, qual a pegadinha de poder ouvir milhares de músicas de forma gratuita?

Publicidade: O jornal impresso não paga os funcionários pela venda, e sim pelos anúncios vinculados nele. As televisões medem o IBOPE pois quem é mais visto pode cobrar mais pela propaganda. Seria o spotify gratuito pago apenas pela propaganda? sim e não.

Usuários do serviço podem notar que grande parte dos anúncios é do próprio grupo spotify, sugerindo que o usuário mude para o serviço pago ou mostrando playlist sugeridas. Algumas outras propagandas são de outros produtos, mas não parecem ser suficientes para manter todo um conglomerado de streaming, fora as brigas judiciais por direitos autorais.

A publicidade, então, corresponde a uma parte da receita total do spotify. Os usuários pagos, correspondem a outra parte. E os usuários gratuitos também.

Big Data: Sabe quando o spotify sugere a você uma playlist de músicas que parece encaixar perfeitamente com seu gosto pessoal? Definitivamente, não é por sorte. Seja o spotify, o youtuber, a netflix, o facebook e diversos outros serviços que estão na moda atualmente sabem mais de você do que você pensa.

Apenas ao baixar um aplicativo, o usuário já aceito diversos termos, na maioria das vezes sem ler. Mesmo os que leem, não veem problemas: o aplicativo pede para usar o microfone, a galeria de fotos, o google maps. Parece sem importância, mas pra que essas funções são requeridas? Para conseguir mais informações sobre você.

Não, você não é especial ou mais importante. A técnica é chamada de Big Data: consegue-se um grande volume de dados e, com essas informações, é possível estabelecer padrões. O spotify pode descobrir, por exemplo, que mulheres de 20 a 30 anos ouvem mais música sertaneja entre às 18 e às 20h.

De volta a propaganda: Para nós, meros mortais, esse dado pode não fazer diferença alguma. Por outro lado, o spotify pode vender essa informação a um grupo do ramo de beleza, por exemplo. O produto pensado por esse grupo com destinação a mulheres de 20 a 30 vai vender mais caso na propaganda apareça o Luan Santana (ou qualquer outro cantor sertanejo) nessa faixa de horário.

E se vai vender mais, o lucro será imenso para o grupo de cosméticos. Logo, o spotify não vai vender essa informação barata. Você, que gerou esses dados, por outro lado, vai ouvir música gratuita. Gratuita, apesar de não ganhar nenhum dinheiro dessa transação milionária.

Além disso, você vale por dois. Caso não seja usuário premium, vai ouvir propaganda, gerando lucros para a empresa do mesmo jeito. Caso pague a assinatura, vai estar pagando para pegarem seu dados. E isso se repete para diversos outros serviços, “gratuitos” ou não.